Especialistas do setor nuclear para o Brasil
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#245Setembro 2021

Especialistas do setor nuclear para o Brasil

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O Vice Diretor de pesquisa e Gerente de Internacionalização do IPEN INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES (IPEN-CNEN/SP), Dr. Niklaus Ursus Wetter, em uma entrevista para Rosatom Newsletter contou sobre os detalhes do programa educacional conjunto do IPEN, Brasil, e a Universidade Nacional de Pesquisa Nuclear – MEPhI, Rússia, e sobre os benefícios do sistema educacional russo.

– Por favor nos conte sobre o programa que o IPEN está implementando junto com a MEPHI no Brasil este ano. Qual é o seu objetivo principal?

Este é um acordo bilateral internacional, complementado por um segundo acordo suplementar. O primeiro acordo facilita intercambio de pesquisadores, pessoal administrativo, técnicos e alunos.

O segundo acordo suplementar é restrito e tem como propósito dar cursos online proferidos tanto por professores russos no IPEN, quanto por professores do IPEN na Rússia. Este acordo suplementar prevê a possibilidade de professores da universidade MEPHI darem um total de até 28 cursos dentro da pós-graduação do IPEN e, vice versa, até 10 cursos poderão ser oferecidos pelos professores do IPEN na universidade MEPHI.

– Quais matérias serão ensinadas como parte deste programa conjunto? Quantos módulos educacionais deste tipo vocês planejam realizar?

Por enquanto, nós temos três módulos dados por professores da universidade MEPHI. O primeiro módulo é “Física nuclear”, o segundo módulo é “Questões práticas e segurança nuclear” e o terceiro módulo é “Cálculos neutrônicos para instalações nucleares”. O número total de módulos que serão dadospode ser  maior, mas depende da demanda. Tudo vai depender de como fica a situação depois do fim da pandemia. Se há ainda demanda para cursos online e se eu conseguir implementar esses cursos online, aí provavelmente a gente vai ter mais cursos no próximo ano. A gente espera que pelo menos continuamos os três cursos que já temos este ano.

– Quantos alunos poderão estudar no âmbito dos programas educacionais conjuntos da MEPHI e IPEN?

Bom, atualmente nós temos 36 alunos matriculados no módulo “Física Nuclear”, 32 alunos no módulo “Questões Práticas e Segurança Nuclear” e 19 alunos na parte de “Cálculos Neutrônicos para Instalações Nucleares”. Esses alunos podem obter 2 tipos de diplomas. Um de finalização do curso, com créditos, e outro para aluno ouvinte, sem créditos. Issto representa uma vantagem porque permite que mesmo alunos ouvintes tenham um tipo de diploma de participação (sem créditos) do MEPHi.

Além disso, temos intercâmbio de alunos. A MEPHI fez uma oferta bastante generosa neste sentido – ganhamos 4 bolsas da Rosatom e 4 bolsas da Rossotrudnichestvo. Então, um total de 8 alunos poderão ser enviados à Rússia. Comoum deles teve que cancelar, estamos enviando à Rússia 7 estudantes.

A maioria desses alunos vai para a Rússia em dezembro para conhecer o país, se aclimatizar e se acostumar. Depois, em fevereiro, vai começar o semestre. Para esses 7 estudantes os três cursos online que eles estão fazendo agora já contarão como um semestre regularmente matriculado no MEPHI.

– Como a pandemia influenciou a realização deste programa? Quais medidas foram tomadas para superar os efeitos negativos das restrições impostas?

Em realidade, eu diria que a pandemia até ajudou, porque a nossa Universidade de São Paulo – USP não estava preparada para receber cursos online oferecidos por professores estrangeiros. Era um requisito que todos os cursos fossem presenciais. Então, a pandemia auxiliou a introdução destes cursos online. E nós vamos fazer tudo para manter esses cursos online.

– Como vocês planejam desenvolver a parceria com as universidades russas da área nuclear? Quais programas educacionais conjuntos o IPEN planeja implementar no futuro? Como vocês planejam desenvolver os programas educacionais conjuntos após o cancelamento de todas as restrições?

Nós queremos aumentar a interação e agora estamos organizando em conjunto com a Universidade Nacional de Pesquisa Nuclear de Moscow, MEPhI, , um workshop chamado “Hack Atom” que se realizará em novembro. E eu espero que isso seja apenas o começo e que nós conseguimos desenvolver mais ainda esta parceria no futuro.

Obviamente, será um pouco mais difícil se por acaso a USP requeira de novo a participação presencial de todo mundo, inclusive dos professores. Mas eu espero que não tem mais volta. Eu acho pessoalmente que agora esses cursos online vieram para ficar.

– Quais benefícios os programas educacionais conjuntos trarão para o setor nuclear do Brasil? Como a implementação destas iniciativas influiu no desenvolvimento da parceria entre a Rússia e o Brasil no setor nuclear?

eu acho que, principalmente, esses programas darão uma formação excelente aos estudantes. Nós sabemos que o sistema educacional russo dá uma solida formação. A maneira de raciocinar e de tomar decisões muda em cada país, e estudar no sistema russo é muito importante para o futuro dos nossos alunos, porque a maneira de pensar é diferente e, assim, consegue ajudar a consolidar o conhecimento de uma forma mais sólida. Por isso é muito importante que haja este intercâmbio.

Além disso, eu acho que no futuro esses alunos terão uma parceria mais estreita e terão maior confiança com os parceiros russos que eles já conhecerão. Então, em qualquer necessidade de contato eles irão primeiramente procurar acordos com esses parceiros russos no futuro.

– O que você acha, quais são os benefícios do sistema russo de preparação dos especialistas para o setor nuclear? Em que é diferente dos sistemas educacionais de outros países?

Alguns benefícios do sistema russo são bem conhecidos. Por exemplo, a Rússia sempre prima nos modelos matematicos que são tão importantes para a área nuclear.

Além disso, eu pessoalmente observei é que os docentes da Rússia conseguem abranger o assunto de uma forma tão diversificada, englobando muitos assuntos de interesse, que faz com que a dinâmica da aula é completamente diferente. Este fato é importante para os alunos e eu só tenho que falar parabens aos docentes russos pelo know-how de dar aulas interessantes.