Com base na plataforma do BRICS
de volta ao conteúdoAs tecnologias nucleares foram um dos principais temas da Cúpula do BRICS, que aconteceu em Kazan, na Federação Russa, em outubro. Os líderes da Rússia, Turquia, Irã e Egito discutiram a construção de usinas nucleares, e o Diretor Geral da Rosatom, Alexey Likhachev, comentou sobre projetos na Índia e no Egito. Além disso, antes da Cúpula, foram realizados eventos especializados, dos quais a Rosatom também participou.
Os trabalhos continuam
Os presidentes da Rússia e da Turquia, Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdoğan, discutiram os progressos na implementação da usina nuclear de Akkuyu.
“Este é um projeto conjunto emblemático: a construção da primeira usina nuclear turca, Akkuyu, está sendo trabalhada simultaneamente nas quatro unidades de energia, 24 horas por dia”, informou Vladimir Putin.
Durante o encontro com o Presidente do Irã, Masud Pezeshkian, Vladimir Putin descreveu a cooperação em torno da usina nuclear “Bushehr” como uma das prioridades de ambos os países.
Outro projeto de grande escala, a construção da usina nuclear de El-Dabaa, no Egito, foi objeto de debate entre os presidentes da Rússia e do Egito. “Valorizamos muito o desenvolvimento dinâmico das nossas relações bilaterais desde a assinatura do acordo de parceria estratégica em 2018, especialmente na implementação de grandes projetos”, destacou o líder egípcio Abdel Fattah el-Sisi.
O Diretor Geral da Rosatom, Alexey Likhachev, em entrevista ao canal “Rossiya-1”, destacou que as sanções ocidentais não tiveram um impacto significativo na realização do projeto El-Dabaa. “A vontade dos líderes egípcios, e ouso dizer, do povo egípcio de implementar este projeto é tão grande que encontramos soluções para quaisquer obstáculos”, comentou Alexey Likhachev sobre o progresso da construção. Da mesma forma, destacou as perspectivas da usina nuclear de Kudankulam, na Índia: “Duas unidades estão operando em formato industrial, outras duas estão em alto grau de preparação; esperamos as fases de inicialização para 2025-2026.”
Plataforma nuclear
Uma semana antes do início da Cúpula, os líderes das principais empresas e organizações do setor dos países membros do BRICS discutiram uma iniciativa crucial para a indústria nuclear global: uma nova plataforma para a energia nuclear. Alexey Likhachev explicou o propósito da nova aliança: “Quase todos os estados membros do BRICS estão realizando projetos no domínio da energia nuclear.
Muitos dos membros do BRICS são hoje impulsionadores tecnológicos do mercado nuclear internacional. É por isso que propomos unir forças no âmbito da Plataforma Nuclear do BRICS, uma aliança voluntária de empresas, comunidades profissionais do setor nuclear e ONGs que apoiam o desenvolvimento e implementação de tecnologias nucleares”, disse Alexey Likhachev.
O principal objetivo da plataforma é desenvolver e implementar melhores práticas e abordagens avançadas em aplicações energéticas e não energéticas de tecnologias nucleares pacíficas nos mercados do BRICS e BRICS+, bem como promover mecanismos e modelos que promovam projetos nucleares.
No mundo hoje, segundo dados da AIEA, operam 440 unidades nucleares com capacidade combinada de aproximadamente 395 GW e outras 63 unidades com capacidade de 66,1 GW estão em construção. Segundo especialistas russos, até 2050, os países do BRICS serão responsáveis por pelo menos metade da produção e do consumo global de energia. A energia nuclear é de grande importância para o equilíbrio energético dos países do grupo: até 2030, pelo menos dois terços do crescimento do parque nuclear mundial serão aportados pelos países do BRICS.
O Vice-Presidente do Conselho Curador da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Orpet Peixoto, disse estar confiante de que a cooperação no âmbito da nova plataforma será frutífera para todos os participantes. Como exemplo, citou o Brasil: “Somos um dos poucos países que possui todos os elementos do ciclo do combustível nuclear. Mas precisamos de apoio, de financiamento, e sabemos que podemos obtê-los no âmbito da cooperação com os países do BRICS. A nova plataforma abre grandes oportunidades para nós”, afirmou Orpet Peixoto.
Em outras direções
A Rosatom participa ativamente de vários eventos do BRICS. Em outubro, representantes da Rosatom participaram do Congresso Científico e Educacional do BRICS sobre questões ambientais e de mudanças climáticas, onde um dos temas foi a formação de especialistas do setor.
Em setembro, Alexey Likhachev, no VI Encontro de Jovens para a Energia do BRICS, deu uma palestra sobre a contribuição da Rússia para o setor energético dos países do grupo. “A principal tarefa de garantir a transição energética é mudar o equilíbrio energético global em direção às fontes livres de carbono, onde a energia nuclear desempenhará um papel fundamental”, disse ele.
No Fórum Digital do BRICS, realizado em Innopolis (Rússia), o lado russo apresentou a Universidade para Tecnologias Futuras: um centro internacional de pesquisa científica e educação que desenvolverá tecnologias quânticas, biomédicas e novos materiais. A Rosatom é uma das fundadoras da universidade.
Em junho, a “Atomflot” recebeu em Murmansk representantes do grupo de trabalho do BRICS para cooperação em pesquisa em áreas oceânicas e polares. Os participantes visitaram a Sede das Operações Marítimas da Diretoria Executiva da Rota do Mar do Norte (Glavsevmorput), conheceram as tecnologias utilizadas nos quebra-gelos nucleares e discutiram o programa de monitoramento ambiental da Rota do Mar do Norte e a pesquisa nas zonas do Ártico.
Naquele mesmo mês, foi realizado um fórum sobre medicina nuclear e um grupo de trabalho nesta área foi formado em uma reunião de ministros especializados em outubro. O seu objetivo é melhorar a cooperação na produção de radiofármacos e diagnósticos. A Rosatom foi uma das organizadoras do evento.
Contexto
A Cúpula do BRICS discutiu questões como a agenda climática, investimento, comércio eletrônico, segurança alimentar e outras questões de cooperação estratégica. Vladimir Putin pediu a intensificação da cooperação em tecnologia, educação, desenvolvimento eficiente de recursos, comércio e logística, finanças e seguros, bem como o aumento significativo do volume de investimentos. Ele também propôs a criação de uma nova plataforma de investimento do BRICS para apoiar as economias nacionais.