Wanda Natalia Camacho Vasquez participa do projeto “Embaixadores da Educação Nuclear Russa”. Os embaixadores são estudantes estrangeiros de universidades russas que promovem o conhecimento sobre a indústria nuclear. Nesta entrevista, Wanda fala sobre como escolheu sua profissão, seus estudos na Universidade Nacional de Pesquisa Nuclear da Rússia (a principal universidade da Rosatom) e as perspectivas de desenvolvimento da energia nuclear na Bolívia, seu país natal.
Nasci em La Paz, Bolívia, no coração do continente sul-americano. Sou engenheira nuclear de profissão e, há um ano, concluí meu bacharelado em física e tecnologia nuclear na principal universidade da Rosatom, a Universidade Nacional de Pesquisa Nuclear. Atualmente, estou no primeiro ano do mestrado em medicina nuclear.
Desde criança, sempre me interessei por tudo ao meu redor. Infelizmente, no meu país, é impossível obter uma educação em física nuclear. Mas na Rússia, é possível. Consegui uma bolsa para estudar no Instituto de Engenharia Física de Moscou.
Para realizar meu sonho, tive que aprender uma língua completamente diferente da minha língua nativa. Também enfrentei outros desafios: por exemplo, um clima completamente diferente, onde a temperatura externa às vezes chega a -15°C.
Em outubro de 2018, voei para a Rússia e, em julho de 2023, recebi meu diploma de bacharel em engenharia nuclear.
Adoro ajudar as pessoas. Por isso, decidi continuar meus estudos e fazer um mestrado em medicina nuclear. Quero trabalhar em oncologia para que doenças como o câncer não sejam mais sinônimo de morte. Minha mãe é um grande exemplo para mim. Ela sobreviveu ao câncer e, posteriormente, usou seu conhecimento para ajudar outros pacientes com câncer. Ela começou a trabalhar em oncologia, o que me inspirou a seguir esse caminho.
Gostaria de contribuir para o desenvolvimento de novas tecnologias que tornarão a medicina nuclear ainda mais precisa e eficaz no diagnóstico e tratamento de doenças.
A educação russa dá grande ênfase ao conhecimento teórico e à formação completa em áreas técnicas e científicas. Além disso, a educação na Rússia é muito mais acessível do que em muitos outros países renomados por seus altos níveis de educação, criando um ambiente mais confortável para os jovens durante seus estudos.
A admissão ao programa de mestrado em medicina nuclear foi muito concorrida, mas eu tinha vantagens: um histórico acadêmico sólido na graduação, grande interesse e motivação. Meus estudos estão indo bem agora. Já concluí vários cursos teóricos e fui apresentada às aplicações práticas da medicina nuclear.
Russo é uma língua difícil, especialmente em termos de gramática e conjugações. Mas eu gosto de aprender. Fiquei surpresa com a riqueza e a poesia da língua russa.
Na Rússia, fiquei impressionada com o profundo respeito pelas tradições e pela história. Por exemplo, as celebrações de Ano Novo na Rússia são uma ocasião especial em que as pessoas se reúnem com a família e os amigos, fazem grandes festas e trocam presentes. Fiquei agradavelmente surpresa com a hospitalidade e o calor humano do povo, apesar dos invernos rigorosos.
O desenvolvimento da tecnologia nuclear no meu país pode trazer benefícios significativos, como melhor acesso a métodos avançados de diagnóstico, tratamentos mais eficazes contra o câncer e novos métodos terapêuticos.
A indústria nuclear da Bolívia ainda está em seus primórdios, mas avanços significativos foram feitos nos últimos anos. O governo está investindo em tecnologia nuclear. Em 2010, a Agência Boliviana de Energia Atômica (ABEN) foi criada para promover o uso pacífico da energia nuclear, especialmente na saúde, agricultura e indústria. O país está dando ênfase especial ao uso da medicina nuclear, estabelecendo novos centros de diagnóstico e tratamento nuclear.
Acredito que as perspectivas para o desenvolvimento da medicina nuclear no meu país são muito promissoras. À medida que as tecnologias de saúde avançam, a demanda por especialistas qualificados em medicina nuclear aumentará. O país precisará de profissionais especializados no desenvolvimento de radiofármacos, imagens médicas e radiologia. Há uma necessidade crescente de tecnólogos em medicina nuclear e especialistas em regulamentação para garantir o uso seguro da tecnologia nuclear.
