“Meu sonho é trabalhar na Rosatom”
de volta ao conteúdoJorge Matheus Pereira participa do Programa de Embaixadores para a Educação Nuclear Russa (RNEA). Os embaixadores são estudantes estrangeiros matriculados em universidades russas que orientam estudantes de outros países e promovem o conhecimento sobre o setor nuclear. Nesta entrevista, Matheus fala sobre sua escolha de carreira, seus estudos na Universidade Estadual de São Petersburgo e as perspectivas para o desenvolvimento da energia nuclear em seu país natal, o Brasil.
Escolhi engenharia e tecnologia e, eventualmente, encontrei meu caminho na energia nuclear porque sempre me esforcei para combinar pesquisa e estudos de engenharia com os objetivos da cooperação internacional.
O que mais me agrada é que esta área exige uma abordagem interdisciplinar holística: conhecimento fundamental, pensamento tecnológico e comunicação internacional são igualmente importantes. Fui profundamente influenciado pelas palavras do físico soviético Igor Kurchatov: “A vida humana não é eterna, mas a ciência e o conhecimento atravessam os limiares dos séculos”.
Além da engenharia de energia, dedico-me com afinco a iniciativas educacionais e científicas; contudo, o setor nuclear permanece o foco do meu interesse profissional. Estou convencido de que a tecnologia nuclear é o futuro e considero tudo o que faço fora dos meus estudos principais como uma forma de ampliar meu conhecimento sobre o setor e fortalecer a cooperação internacional e a formação de pessoal.
Estudar na Rússia
A educação russa, especialmente em física, energia, química e engenharia, distingue-se pela sólida formação fundamental, uma abordagem sistemática e foco em grandes instalações tecnológicas. Além disso, a Rússia possui experiência singular no setor nuclear, desde reatores de nêutrons rápidos até uma forte escola de físicos teóricos.

A admissão exigiu muito estudo; só consegui entrar na segunda tentativa. O ritmo acelerado e a terminologia científica foram os aspectos mais difíceis da fase inicial dos meus estudos. A própria língua russa revelou-se um desafio: fiquei surpreendido com o seu sistema fonético e gramática, apesar de ter nascido numa comunidade russa.
A Rússia combina tradição e modernidade: respeito pela memória histórica, atenção à ciência e à cultura, e uma atmosfera especial de hospitalidade nas regiões. Tudo na Rússia é magnífico!
Trabalho e projetos internacionais
Trabalho no Conselho Coordenador das Organizações de Compatriotas Russos no Brasil. Também participo de iniciativas internacionais relacionadas à energia nuclear e a projetos tecnológicos para jovens como o Programa de Embaixadores para a Educação Nuclear Russa (RNEA). O RNEA me proporcionou oportunidades excepcionais, como a participação em importantes fóruns do setor, contatos com engenheiros e pesquisadores e a promoção da conscientização nuclear entre jovens em países em desenvolvimento.
Essa experiência me permitiu construir conexões profissionais, ter acesso a valiosos programas educacionais e formar uma compreensão sistêmica da indústria em nível internacional. Graças ao programa, participei do Fórum Internacional da Juventude sobre Tecnologias Nucleares Verdes no Egito, palestrei no Diálogo Rússia-África sobre Matérias-Primas, ministrei uma palestra na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e frequentei a Escola Técnica de Obninsk e a Escola Internacional de Inverno sobre Radioquímica na Universidade Estatal de Moscou Lomonosov.
O futuro
O setor nuclear brasileiro está em ascensão. Atualmente, o país necessita de pessoal capacitado em tecnologias de reatores, análise de segurança, ciclo do combustível, ciência dos materiais e engenharia de sistemas termofísicos complexos. Ao fortalecer a cooperação com a Rússia, meu país poderia ocupar uma posição muito mais proeminente no setor de energia nuclear regional.
Daqui a 20 anos, me vejo como um profissional da área de energia nuclear, atuando na interseção entre engenharia, diplomacia científica e treinamento de pessoal. Meu sonho é trabalhar na Rosatom. Gostaria de contribuir para a criação de ecossistemas educacionais para a formação da próxima geração de engenheiros e para o desenvolvimento de tecnologias que aprimorem a segurança e a eficiência da energia nuclear. Acredito que nosso futuro é nuclear e sei que a Rosatom está fazendo tudo certo.
Conselhos para quem está escolhendo o mesmo caminho
O sucesso no setor nuclear exige disciplina, capacidade de tomar decisões baseadas em dados e habilidade para trabalhar em um ambiente multicultural. A disposição para aprender desempenha um papel fundamental, visto que o setor nuclear evolui muito rapidamente. Habilidades de comunicação também são importantes, especialmente se o trabalho envolver projetos internacionais e promoção da conscientização.
Dedique-se às ciências fundamentais, aprenda idiomas, busque estágios internacionais, participe de projetos de pesquisa e não tenha medo de disciplinas técnicas complexas. E, mais importante, encare o setor nuclear como uma carreira profissional de longo prazo que exige responsabilidade e pensamento sistêmico.

