Desenvolvimento da medicina nuclear
de volta ao conteúdoEm julho, o Fórum Internacional de Especialistas em Medicina Nuclear dos países do BRICS, organizado pelo Ministério da Saúde da Rússia e pela Rosatom, foi realizado em Moscou. O principal objetivo foi estabelecer um intercâmbio de experiências e tecnologias. Representantes do Brasil também participaram do fórum.
Os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) reúnem mais de dois quintos da população mundial. “Estamos unindo forças não apenas para expandir nosso potencial econômico, mas também para resolver problemas sociais que não têm fronteiras. Este fórum é dedicado principalmente à luta contra um dos principais inimigos da humanidade – o câncer, que só pode ser derrotado com a união de forças“, disse Kirill Komarov, Primeiro Vice-diretor Geral e Diretor de Desenvolvimento e Negócios Internacionais da Rosatom.
O evento contou com a participação dos principais diretores e pesquisadores dos maiores centros de pesquisa médica, fabricantes de radioisótopos médicos e radiofármacos dos países do BRICS, além de autoridades governamentais.
Na Rússia, a medicina nuclear é usada para diagnosticar e tratar várias doenças, especialmente doenças cardiológicas e neurológicas. Mas o foco principal é a luta contra o câncer. Há 20 radiofármacos registrados na Rússia, a maioria deles produzidos internamente. A maioria dos procedimentos (75%) é a terapia com iodo radioativo para câncer de tireoide e tireotoxicose.
A Rosatom, juntamente com o Ministério da Saúde, trabalha em todo o espectro da medicina nuclear, desde a produção de isótopos até a construção de centros de alta tecnologia. A maior fábrica da Europa para a produção de radiofármacos foi instalada em Obninsk e está programada para ser inaugurada em 2025.
Os produtos mais procurados da Rosatom no exterior são isótopos e cíclotrons. Dentre os novos desenvolvimentos, os parceiros estão particularmente interessados no complexo de gama-terapia Brachium, que é usado para braquiterapia de alta dose. Essa é uma técnica inovadora na qual uma fonte de radiação é injetada diretamente no órgão afetado. A unidade de terapia com óxido nítrico Tianox também está sendo muito procurada. Esse é o primeiro dispositivo do mundo que sintetiza óxido nítrico a partir do ar, junto ao leito do paciente. Em junho deste ano, foi assinado um acordo no Cairo entre a JSC Rusatom RDS (parte da Rosatom) e a empresa egípcia Med Pharma Group. As partes concordaram em introduzir o uso de monóxido de nitrogênio baseado no dispositivo Tianox na prática médica do Egito.
A Rosatom está pronta para fornecer todos esses produtos para os países do BRICS.
No Brasil, as possibilidades da medicina nuclear são amplamente utilizadas e esta área continua a se desenvolver. Como disseram os palestrantes do fórum médico, 2 milhões dos 218 milhões de habitantes passam por procedimentos diagnósticos e 77.000 passam por procedimentos terapêuticos anualmente. O governo planeja dobrar esse número para garantir que mais e mais pacientes tenham a possibilidade de receber o tratamento adequado.
No Brasil, a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e as câmeras gama, as principais ferramentas para diagnóstico com radionuclídeos, são usadas ativamente para obter imagens detalhadas de órgãos internos. Os isótopos de tecnécio, iodo, gálio e tálio são usados para diagnóstico, e iodo, samário, lutécio e rádio são usados para tratamento. A maioria é de fabricação russa, pois a Rosatom fornece cerca de 30% da necessidade brasileira de isótopos médicos.
No entanto, tanto a Rússia quanto o Brasil estão confiantes de que a cooperação no campo da medicina nuclear pode e deve ser ampliada.
“O mercado brasileiro de medicina nuclear, assim como o mercado latino-americano em geral, parece promissor para a Rosatom e gostaríamos de fortalecer ainda mais a cooperação. Por exemplo, além do fornecimento de produtos isotópicos, nós e nossos parceiros brasileiros estamos considerando a possibilidade de criar uma produção conjunta de produtos radiofarmacêuticos de acordo com o padrão GMP (Good Manufacturing Practices – Boas Práticas de Fabricação)“, diz Anton Shargin, Diretor Geral Adjunto para Assuntos Comerciais da V/O Izotop JSC.
“Trabalhamos com a Rosatom desde 2015 e esperamos expandir a cooperação não apenas na cadeia de suprimentos, mas também em áreas especializadas, compartilhando conhecimento no campo da medicina nuclear com colegas médicos. A medicina nuclear está se tornando um carro-chefe para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras que podem aumentar significativamente a expectativa de vida das pessoas. Isso só é possível com parcerias nacionais e internacionais“, disse Rafael Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear e Diagnóstico Molecular.