Ensino: A luz da energia nuclear
de volta ao conteúdoA Rosatom treina especialistas de diferentes países que posteriormente trabalharão no setor nuclear. Entre 2019 e 2024, mais de 1.900 pessoas de mais de 60 países foram treinadas no âmbito de programas internacionais conduzidos pela Academia Técnica Rosatom (ATR), em cooperação com a AIEA. A Academia Técnica Rosatom também organiza seus próprios cursos. Maria Khaletskaya, vice-reitora da Academia, fornece detalhes.
— Por favor, conte-nos sobre a cooperação entre a ATR e a AIEA.
— A Academia Técnica Rosatom coopera ativamente com a AIEA desde 2011, quando ambas as partes iniciaram atividades de treinamento em infraestrutura nuclear. Em 2018, a ATR, a AIEA e o Centro Técnico de Emergência Rosatom assinaram acordos de cooperação prática para fortalecer competências em segurança nuclear, proteção radiológica e resposta a emergências. No âmbito desse acordo, foi criado um Centro Conjunto de Desenvolvimento de Competências na ATR.
Em 2019, o ATR tornou-se o primeiro e continua sendo o único Centro de Cooperação da AIEA (Centro) a treinar representantes do setor nuclear de todo o mundo em programas em três áreas: energia nuclear, segurança nuclear e aplicações não energéticas. Em outubro de 2024, a ATR estendeu seu status de Centro e expandiu sua cooperação com a AIEA.
A ATR, em conjunto com a AIEA, organiza cursos anuais sobre gestão de energia nuclear e gestão do conhecimento. A ATR também realiza atividades de treinamento no âmbito do projeto INT2024, dedicado ao desenvolvimento de infraestrutura nuclear, e do projeto INT2023, que estuda o desenvolvimento de tecnologias de pequena potência.
—De quais países os participantes vêm?
— De todo o mundo. Há muitos participantes de países da Ásia, África e Oriente Médio. Em 2024, Cuba e Kuwait aderiram aos programas de treinamento pela primeira vez e, em 2025, Mianmar se juntará, onde está planejada a construção de quatro usinas nucleares de pequena escala projetadas pela Rússia. O maior fluxo de participantes vem de países onde a Rosatom está construindo grandes usinas nucleares: Egito, Turquia, Bangladesh e Belarus.
— Conte-nos mais sobre as atividades de treinamento.
— Elas são divididas em quatro tipos. O primeiro são as escolas, que oferecem uma visão geral do setor nuclear, sistemas de gestão e abordagens para o desenvolvimento de pessoal e infraestrutura. Os participantes são jovens especialistas e gestores de nível iniciante e médio interessados em uma compreensão estratégica do setor.
O segundo tipo é um curso que abrange tópicos mais práticos e consolida conhecimentos básicos sem se aprofundar em aspectos técnicos específicos. São adequados para um público amplo.
O terceiro tipo são os seminários práticos para especialistas experientes que buscam aprofundar seus conhecimentos em uma área específica. Esses seminários analisam casos reais e proporcionam uma troca de experiências.
O quarto tipo são as visitas científicas em grupo. Estas são destinadas a um público mais avançado e são elaboradas de acordo com as necessidades específicas dos países participantes. A característica marcante de todos os tipos de programas são as visitas técnicas às instalações do setor nuclear, organizadas de acordo com o tema de cada curso.
—Quais cursos estão sendo ministrados este ano?
— Esses cursos abrangem a seleção de locais para a construção de instalações nucleares, estudos de viabilidade técnica e econômica para pequenas usinas nucleares, gestão do conhecimento, interação com partes interessadas, ciclo fechado do combustível nuclear e gestão de resíduos radioativos, bem como gestão estratégica e soluções digitais para reatores de Geração IV.
Assim, em maio deste ano, a ATR e a AIEA realizaram um curso sobre seleção de locais para a construção de usinas nucleares, incluindo as de baixa potência. Mais de 20 pessoas de 18 países participaram, incluindo Armênia, Brasil, Cazaquistão, Sri Lanka e Zâmbia. Especialistas da AIEA explicaram como prestam assistência na construção de usinas nucleares e compartilharam suas experiências nos países-membros da agência. Os participantes apresentaram as etapas de implementação de seus programas nucleares, discutindo onde surgiram as dificuldades e como elas podem ser superadas.
— Os cursos são presenciais?
—Geralmente sim, mas quando necessário também é utilizado o formato online, conectando os participantes por videoconferência.
—Como posso me inscrever para participar?
— Somente por meio da plataforma oficial da AIEA — InTouch+.
A ATR e a AIEA definem e concordam com os tópicos, datas, formatos, programas e membros do corpo docente, que podem compartilhar suas experiências avançadas e demonstrar exemplos práticos de seu trabalho.
—Como terminam os cursos?
— Os cursos conjuntos entre ATR-AIEA não incluem uma avaliação final. Após a conclusão, os participantes recebem um certificado de conclusão.
— A ATR também tem seus próprios cursos. Conte-nos mais sobre eles.
— O Escritório do Projeto da ATR, “Transferência de Educação Nuclear”, oferece cursos de curta duração, de Treinamento de Instrutores, para professores e alunos de pós-graduação de universidades estrangeiras. O programa proporciona conhecimento não apenas sobre tecnologias, mas também sobre como criar programas universitários especializados para a formação de profissionais na área nuclear.
—Sobre o que são esses cursos?
— Os principais produtos de exportação da Rosatom estão sendo estudados: usinas nucleares com VVER-1200 e usinas nucleares com RITM-200, bem como aplicações não energéticas de tecnologias de radiação: medicina nuclear, centros de irradiação multifuncionais, reatores de pesquisa e cíclotrons. Nos últimos anos, adicionamos cursos na área de infraestrutura nuclear. Em fase piloto, realizamos com sucesso cursos sobre a criação de instalações de descarte de resíduos radioativos e sobre planejamento estratégico do setor energético em países que estão iniciando seus programas nucleares. Planejamos expandir o programa para incluir o estudo de tecnologias de energia renovável e a análise de possíveis cenários para o fornecimento ideal de energia, bem como desenvolver um curso sobre a implementação de um programa nuclear nacional (NEPIO, Organização Implementadora do Programa de Energia Nuclear).
Os cursos de Treinamento de Instrutores são oferecidos em todos os formatos: presencial, a distância, híbrido e a distância com aprendizagem individualizada. Este ano, representantes de mais de 40 países participaram, com Somália e Malawi se juntando a eles.
—Quais cursos são mais procurados?
— Cursos sobre reatores de pesquisa, usinas nucleares de baixa potência e medicina nuclear.
—Como os cursos são organizados?
— Após o requerimento de um cliente de um setor específico, as inscrições para o treinamento abrem com dois a três meses de antecedência. Os cursos têm duração de uma a duas semanas e, para cursos com aprofundamento em um tópico específico, pode ser necessário um exame de admissão. O programa inclui uma avaliação final com possibilidade de repetição do exame.

