A Rosatom liderará o consórcio internacional que construirá a primeira usina nuclear de grande capacidade no Cazaquistão. No Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF), a Corporação Estatal e a Agência de Energia Nuclear da República do Cazaquistão (a Agência) assinaram documentos que definem as etapas de preparação e implementação do projeto.
Em 14 de junho, a Agência informou que a Comissão Interministerial para o Desenvolvimento do Setor Nuclear do Cazaquistão considerou as propostas da Rosatom as melhores e mais benéficas.
A ideia de construir uma usina nuclear no Cazaquistão existe há várias décadas, mas até recentemente não havia passado da fase de discussão. Vários fatores contribuíram para a mudança na situação. Primeiro, o país está se desenvolvendo ativamente, o que implica uma demanda crescente por energia. Assim, em 2021, a geração foi de 114,45 bilhões de kWh e o consumo de 113,89 bilhões de kWh, enquanto em 2022, o consumo superou a geração (112,94 bilhões contra 112,82 bilhões de kWh, respectivamente). A margem continua a aumentar: em 2024, a geração atingirá 117,9 bilhões de kWh e o consumo de 120 bilhões de kWh. O sistema energético do Cazaquistão precisa de nova capacidade de geração.
Em segundo lugar, a opinião pública global mudou em favor das usinas nucleares. Nos últimos anos, a energia nuclear tem sido reconhecida em muitos países e blocos regionais como uma fonte de energia sustentável que contribui para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente ao garantir o fornecimento de energia limpa e acessível.
As autoridades cazaques realizaram uma ampla campanha de informação entre a população, enfatizando a segurança, a estabilidade do abastecimento e das tarifas, bem como a aceitabilidade ambiental. Um referendo nacional sobre a construção de uma usina nuclear foi realizado em outubro de 2024, no qual 71,12% dos eleitores apoiaram o projeto.
Posteriormente, autoridades governamentais conversaram com a administração dos principais fornecedores mundiais de tecnologias de reatores e visitaram suas instalações de produção e usinas. Em janeiro deste ano, representantes do Cazaquistão visitaram a usina Petrozavodskmash e a usina nuclear de Leningrado, na Rússia.
Após todas as visitas, foi elaborada uma lista de potenciais parceiros de quatro países. Todos apresentaram propostas técnicas e comerciais (custos estimados de construção, prazos de execução, modelo de financiamento, abordagens para a localização da fabricação de equipamentos e obras, treinamento de pessoal e desenvolvimento do potencial científico e educacional, possibilidades de cooperação no ciclo do combustível nuclear e compromissos sociais).
A Agência, as Usinas Nucleares do Cazaquistão e o grupo de engenharia francês Assystem desenvolveram uma metodologia para avaliar as propostas e a aplicaram à documentação apresentada. Os resultados da avaliação foram submetidos à Comissão Interministerial para o Desenvolvimento do Setor Nuclear.
“Acolhemos com satisfação a decisão do Cazaquistão de iniciar a implementação de um projeto de construção de usina nuclear. O resultado será a criação de uma usina com o design mais avançado e eficiente do mundo, baseada em tecnologias russas. Os reatores VVER-1200 geração III+ combinam soluções de engenharia comprovadas com os mais modernos sistemas de segurança ativa e passiva, desenvolvidos em estrita conformidade com as normas internacionais de segurança. Esses reatores já estão em operação na Rússia e no exterior: quatro unidades na Rússia e duas em Belarus. Essa tecnologia também foi escolhida por nossos parceiros na Hungria, Egito, Turquia, Bangladesh e China. Há muito trabalho pela frente e contamos com o apoio dos governos da Rússia e do Cazaquistão”, comentou Alexey Likhachev, Diretor Geral da Rosatom.
No Cazaquistão, a decisão gerou reações positivas. “O projeto da usina nuclear visa preencher a lacuna energética nas regiões do sul do país, reduzir a dependência de importações de eletricidade, garantir um fornecimento de energia sustentável e previsível, independentemente das condições climáticas, aumentar a atratividade do setor para investidores e estimular a criação de empregos na região onde o projeto será implementado”, declarou a Associação de Energia Elétrica do Cazaquistão.
“Rússia e China têm maior experiência em participação em consórcios internacionais, pois sabem como combinar efetivamente equipamentos de diferentes fabricantes em um único projeto. Ao mesmo tempo, a Rússia possui a melhor experiência na construção de usinas nucleares no exterior, incluindo adaptação complexa às exigências nacionais e colaboração com a indústria local, o que permite maximizar o uso de produtos e serviços nacionais na implementação de projetos”, disse Erlan Batyrbekov, Diretor-Geral do Centro Nacional de Energia Nuclear da República do Cazaquistão, ao veículo de mídia cazaque orda.kz.
No SPIEF, Alexey Likhachev e o presidente da Agência, Almasadam Satkaliyev, assinaram um roadmap para a implementação das principais atividades do projeto de construção de uma usina nuclear de grande capacidade no Cazaquistão. Isso inclui a realização de estudos de engenharia e prospecção, a assinatura do contrato EPC e a preparação da documentação do projeto.
Além disso, as empresas Usinas Nucleares do Cazaquistão e a Atomstroyexport (Divisão de Engenharia da Rosatom) assinaram um acordo-quadro descrevendo os principais princípios de cooperação para a implementação do projeto no distrito de Zhambyl, na província de Almaty.
“A construção de uma usina nuclear no Cazaquistão faz parte de uma estratégia abrangente para garantir o desenvolvimento sustentável do setor energético do país. Contamos com uma cooperação estreita e transparente com nossos parceiros, garantindo um alto nível de segurança e a localização da produção”, comentou Almasadam Satkaliyev.
O estudo sobre a possibilidade de obtenção de financiamento estatal para exportações da Rússia já foi iniciado e a formação do consórcio continua. “Na implementação de projetos internacionais, a Rosatom sempre conta com ampla cooperação com fornecedores estrangeiros, o que permite o uso de soluções técnicas modernas e adaptadas às necessidades do cliente”, enfatizou Alexey Likhachev.
