Isótopo de cooperação
de volta ao conteúdoA Planta de Concentrados Químicos de Novosibirsk (parte da TVEL) fornecerá hidróxido de lítio-7 para a empresa brasileira Eletronuclear, que é usado para o sistema de resfriamento dos reatores da usina nuclear de Angra. Essa oferta amplia o leque de cooperação entre a indústria nuclear brasileira e russa.
Preparação de isótopos
O hidróxido de lítio-7 (doravante denominado lítio-7) é uma substância leve, finamente cristalina, na qual a fração atômica do lítio em relação à soma de seus isótopos varia de 99,95% a mais de 99,99%, dependendo da especificação. O lítio-7 é usado como aditivo no refrigerante principal dos reatores de água pressurizada para ajustar a química da água. Além disso, o lítio-7 é o principal componente usado para preparar membranas de troca iônica de grau nuclear, que são usadas para preparar o refrigerante para reatores de água pressurizada.
A participação na licitação para fornecimento de lítio-7 foi iniciada pela Rusatom International Network. A empresa faz parte da Rosatom e representa seus interesses em mercados estrangeiros. “Esta oportunidade de negócio surgiu do nosso trabalho de divulgação deste produto. Entramos em contato com especialistas da Eletronuclear, operadora da usina nuclear brasileira, e contamos sobre nosso novo produto. Os sócios nos convidaram a participar da licitação para o fornecimento junto com os fornecedores tradicionais. Graças ao trabalho em equipe coordenado do Centro Regional Rosatom América Latina e Escritório Central da Rusatom International Network, conseguimos vencer a licitação”, comentou Gonçalo Castillo, Gerente de Desenvolvimento de Negócios do Centro Regional Rosatom América Latina. O volume das entregas excede os 100 kg. A assinatura do contrato está prevista para acontecer em breve e o cliente deverá receber o lítio-7 durante o ano corrente.
“A Rosatom é um dos principais players no mercado global de produtos de lítio e um fornecedor confiável. A Planta de Concentrados Químicos de Novosibirsk especializou-se na produção de vários compostos de lítio por mais de 60 anos. A planta possui modernas instalações de produção de alta tecnologia que, de acordo com os requisitos do cliente, garantem um alto grau de pureza química”, afirmou Mikhail Metelkin, Diretor da Área de Negócios de Químicos Especiais da TVEL.
Enriquecimento da cooperação
O fornecimento de lítio-7 é a extensão da cooperação entre a Rosatom e a indústria nuclear brasileira.
Em dezembro do ano passado, a empresa Internexco GmbH, subsidiária da Techsnabexport (que faz parte da Rosatom), assinou contrato com a estatal brasileira Indústrias Nucleares do Brasil (INB) para o fornecimento completo das necessidades de urânio enriquecido durante 2023-2027 à usina nuclear de Angra.
O contrato foi adjudicado mediante uma licitação pública internacional, que aconteceu em agosto de 2022. A licitação foi ganha pela Internexco GmbH. Este é o primeiro contrato de longo prazo para o fornecimento de produtos de urânio enriquecido na história da Rosatom. Foi um dos resultados do acordo de intenções celebrado em 2019. Como parte do acordo, as partes estudam a implementação de projetos conjuntos no segmento do ciclo do combustível nuclear.
Além disso, o fornecimento de lítio-7 é uma ampliação da cooperação no segmento de produtos isotópicos. Vale lembrar que a Corporação Estatal atende atualmente até 50% das necessidades de isótopos médicos do Brasil e é uma das maiores fornecedoras de produtos isotópicos para as necessidades de medicina nuclear do país.
Com vistas às futuras usinas nucleares
Em setembro de 2022, a Rosatom assinou um memorando de entendimento com a holding brasileira ENBPar. Essa empresa, por meio da Eletronuclear, supervisiona a operação da usina nuclear de Angra e realiza projetos hidrelétricos. Também planeja minerar urânio e produzir combustível nuclear.
Nos termos do memorando, a ENBPar e a Rosatom cooperarão na construção e operação de usinas nucleares de alta e baixa potência e no ciclo do combustível nuclear. Além disso, as partes acordaram a transferência de tecnologias para a formação de um cluster de empresas voltadas para a prestação de serviços e produtos para a indústria nuclear, em trabalhos conjuntos na área de operação, reparo e modernização de usinas hidrelétricas, bem como na sensibilização da opinião pública. “Queremos aproveitar a experiência da Rosatom, conhecer melhor todo o ciclo produtivo da energia nuclear e implementar essas melhores práticas no Brasil”, afirmou Ney Zanella dos Santos, presidente da ENBPar.
Em novembro de 2022, a Rosatom e a ENBPar continuaram sua interação. Em discurso na sessão plenária do fórum Atomexpo, Ney Zanella dos Santos disse que pequenos reatores modulares têm amplas perspectivas de uso em áreas remotas do Brasil. O país também planeja concluir a construção da terceira unidade da usina nuclear de Angra (o comissionamento está previsto para 2027) e a construção de novas unidades. Espera-se que o Brasil construa outros 10 GW de nova capacidade nuclear nos próximos 30 anos.
“Além disso, a Eletronuclear nos convidou a participar de um estudo de mercado, que resultará em uma licitação para os serviços de manutenção das usinas nucleares Angra-1 e Angra-2”, resumiu Gonçalo Castillo.
Rusatom International Network
Uma empresa que representa os interesses da Rosatom no exterior. Uma rede de 14 centros regionais no exterior, escritórios nacionais e representações comerciais que permite que as empresas da indústria nuclear russa interajam efetivamente com parceiros de todo o mundo, atendendo aos mais altos padrões internacionais de um líder em tecnologia moderna.
Techsnabexport JSC (marca da TENEX)
É um dos principais fornecedores mundiais de produtos de ciclo de combustível nuclear. Suas principais atividades são mineração de urânio (a Techsnabexport inclui a empresa de mineração de urânio Uranium One), fornecimento de produtos de urânio para empresas russas, serviços de gerenciamento de combustível nuclear irradiado e serviços de logística. A Techsnabexport também está desenvolvendo projetos de extração de lítio e produção de biocombustíveis.