Inovações nucleares no fórum NT2E
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#290Junho 2025

Inovações nucleares no fórum NT2E

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O fórum NT2E-2025, o maior evento do setor de energia nuclear da América Latina, foi realizado no Rio de Janeiro. O evento reuniu mais de 2.700 participantes, incluindo representantes do governo, do setor empresarial e da ciência. Este ano, a Rosatom foi a principal patrocinadora do NT2E, garantindo ampla participação de empresas russas na programação do evento.

A Rosatom apresentou produtos-chave para o Brasil em seu estande. Os visitantes puderam conhecer os pequenos reatores modulares (SMRs) como solução para aumentar a estabilidade do sistema energético e o fornecimento de eletricidade em regiões remotas, além de soluções para gerenciamento de combustível nuclear irradiado e tecnologias para medicina nuclear.

Na abertura do fórum, Ivan Dybov, Diretor da Rosatom América Latina, enfatizou: “Para a Rosatom, desenvolver relações com nossos parceiros brasileiros na área de usos pacíficos da energia nuclear é uma de nossas prioridades estratégicas. Estamos prontos para expandir nossa cooperação e oferecer tecnologias cuja confiabilidade é respaldada pela história do setor nuclear russo, que celebra seu 80º aniversário este ano.”

Educação

Durante a sessão “Atraindo uma Nova Geração: o futuro do setor nuclear”, Elena Vesna, vice-reitora da Universidade Nacional de Pesquisa Nuclear (MEPhI) (Moscou, Rússia), apresentou a experiência da universidade como líder mundial em treinamento de pessoal para a indústria nuclear, enfatizando que a cooperação internacional e o intercâmbio acadêmico são a base para a formação de profissionais altamente qualificados que definirão o futuro do setor nuclear.

No âmbito da cooperação com o Brasil, um acordo atualizado foi assinado com o IPEN (Instituto Brasileiro de Pesquisas Energéticas e Nucleares) em 2024, e o lançamento de um programa de mestrado conjunto “1+1” em engenharia nuclear está previsto para 2025. Atualmente, 48 estudantes latino-americanos da Bolívia, Brasil, Venezuela, Colômbia, Cuba, Nicarágua, Paraguai, Peru, Chile e Equador estão estudando no MEPhI.

Tecnologias

Durante o painel “Projetos de Pequenos Reatores Modulares ao Redor do Mundo”, Ruan Souza, da Rosatom América Latina, falou sobre o potencial dessa tecnologia no Brasil: “Este não é um conceito do futuro, mas uma solução prática para melhorar o acesso à energia, avançar na descarbonização e fomentar o desenvolvimento de regiões remotas. Os SMRs fornecem energia limpa a preços previsíveis, são facilmente escaláveis e adequados para uso em áreas isoladas, sem afetar o clima, e têm potencial para integração com data centers e indústrias locais.”

Ele também descreveu os SMRs como uma ferramenta com alto potencial para substituir a geração a carvão, especialmente em um contexto em que o Brasil continua dependente de energia hidrelétrica e é vulnerável a secas.

Matérias-primas e meio ambiente

Durante a sessão “O mercado de mineração de urânio no Brasil e no mundo”, Alexander Boytsov, assessor do primeiro vice-diretor geral da JSC Techsnabexport (parte da Rosatom), destacou o papel da cooperação internacional e as vantagens competitivas da experiência russa na mineração e processamento de urânio.

Os especialistas dedicaram especial atenção à discussão sobre a gestão eficiente do combustível nuclear irradiado e dos produtos resultantes de seu processamento. A Rosatom oferece aos seus parceiros internacionais uma solução abrangente para a gestão de combustível irradiado e resíduos radioativos, ajudando a evitar a transmissão desse problema às gerações futuras. A abordagem da Rosatom baseia-se no fechamento do ciclo do combustível nuclear.

“Soluções inovadoras, integradas à estratégia do Ciclo de Combustível Nuclear Balanceado, permitem a geração de eletricidade limpa e estável com o mínimo de desperdício, garantindo seu isolamento seguro e confiável. Nossas tecnologias permitem a reincorporação de até 97% dos componentes do combustível nuclear irradiado ao ciclo do combustível, tornando o uso de recursos naturais verdadeiramente responsável”, afirmou Mikhail Baryshnikov, Diretor do Departamento de Inovação e Tecnologia da JSC Techsnabexport.

Por sua vez, Gonçalo Castillo, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Rosatom América Latina, declarou: “A Rosatom possui experiência única em gestão de resíduos radioativos e reabilitação de áreas afetadas pela radiação. Estamos preparados para oferecer ao Brasil não apenas tecnologias, mas também uma metodologia passo a passo para a implementação desses tipos de projetos: desde o marco regulatório até o comissionamento das instalações. Transformamos áreas pós-industriais em espaços seguros para novos projetos verdes.”

Financiamento

O fórum contou com uma sessão da plataforma BRICS, uma iniciativa internacional independente que visa promover a energia nuclear como ferramenta para a transição energética, a soberania tecnológica e o desenvolvimento sustentável. O tema central foi o desenvolvimento de instrumentos financeiros para a implementação de projetos nucleares nos países do BRICS e Estados parceiros. Representantes de instituições financeiras, agências estatais e empresas dos países do BRICS e Estados parceiros participaram do debate.

Em seu discurso, o representante da Rosatom, Stanislav Shpakovsky, enfatizou: “O setor espera um interesse crescente do sistema financeiro em projetos nucleares. A energia nuclear deve ser totalmente integrada à agenda global de investimentos para projetos de desenvolvimento sustentável como uma fonte de energia confiável e livre de carbono. É uma ferramenta capaz de garantir crescimento sustentável, segurança energética e, ao mesmo tempo, atingir as metas climáticas.”