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#237Janeiro 2021

Com atenção aos detalhes

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A Finlândia é um país membro da União Europeia e já utiliza a tecnologia nuclear há muito tempo. O país opera duas usinas nucleares, a de Loviisa e a de Olkiluoto. A usina nuclear de Loviisa possui duas unidades com capacidade de 507 MW cada uma, que entraram em serviço em 1977 e 1980. Elas têm reatores nucleares de água pressurizada VVER-440 de projeto soviético. A Olkiluoto possui duas unidades com capacidade de 890 MW cada uma. Elas entraram em operação quase nos mesmos anos, 1978 e 1980. Em 2019, as quatro unidades geraram cerca de 23 TWh de energia elétrica, ou 34,7 % do total de energia elétrica produzida no país.

Loviisa

A Usina Nuclear de Loviisa foi o primeiro e bem-sucedido projeto nuclear desenvolvido em conjunto entre a Rússia (naquele momento URSS) e a Finlândia. Engenheiros finlandeses e funcionários da indústria nuclear estavam estudando a indústria nuclear tão cuidadosamente, tão meticulosamente e escrupulosamente que o mundo inteiro conheceu seus mais rígidos padrões de segurança nacional desde então.

Como relembraram testemunhas oculares, o partido finlandês exigiu que todos os sistemas fossem submetidos a backup e verificaram todas as juntas de solda. Eles insistiram na realização de mais testes de viabilidade e até pediram para que a velocidade de soldagem fosse reduzida, dizendo que os trabalhadores poderiam se cansar e cometer erros. A velocidade, claro, foi reduzida, mas não houve erros. “Tenho orgulho em dizer que a Usina Nuclear de Loviisa foi, e tem sido, um dos melhores projetos do mundo. Muitas das soluções técnicas que usamos na Usina de Loviisa pela primeira vez foram posteriormente adotadas e aprimoradas em outros projetos de construção nuclear”, compartilhou Mikhail Rogov, então vice-presidente e diretor de projetos promissores na filial de Moscou do NIAEP-ASE e agora diretor de projetos promissores na divisão de engenharia da Rosatom, em suas memórias no aniversário da fábrica em 2017. Isso não é um elogio e nem uma propaganda: os reatores da Usina de Loviisa foram planejados para operar por 35 anos, mas agora sua vida útil foi estendida para 50 anos e uma nova extensão de 20 anos está sendo discutida.

A Finlândia continua a apoiar e desenvolver sua indústria nuclear. O terceiro reator está agora em construção em Olkiluoto. Além disso, a Finlândia planeja construir uma nova usina nuclear, a Hanhikivi-1.

Hanhikivi

Hanhikivi será uma usina nuclear de uma unidade única de 1.200 MW com um reator VVER-1200 de Geração III+. Em dezembro de 2013, a Rosatom e a Fennovoima assinaram um contrato EPC (Acrônimo em inglês para Engenharia, Aquisições e Construção) que estipulou que a Rosatom construiria uma usina nuclear totalmente funcional e licenciada e a transferiria para o cliente.

Em 21 de dezembro de 2020, a RAOS Project OY, uma subsidiária da Rosatom e fornecedora geral da Hanhikivi, apresentou os documentos do Estágio 1 do Projeto Básico descrevendo a solução técnica para a Hanhikivi 1 para a Fennovoima, uma empresa privada finlandesa e proprietária do projeto. A empresa aceitou os documentos para revisão e consideração. Os documentos incluem projetos conceituais e funcionais da usina nuclear, um modelo 3D, sistemas e projetos de construção.

O Estágio 1 do Projeto Básico é a base para um Relatório de Análise de Segurança Preliminar (PSAR). A Autoridade de Radiação e Segurança Nuclear da Finlândia (STUK) irá considerar isso primeiro e então o governo finlandês tomará uma decisão sobre a emissão de uma licença de construção para a usina nuclear.

O PSAR contém 15 seções, e algumas delas já foram submetidas à STUK. Outras seções estarão prontas na primavera de 2021. Antes de enviar para a STUK, a Fennovoima analisa todos os documentos recebidos.

“Nossa tarefa comum para os próximos meses de 2021 é resolver todos os problemas técnicos do projeto no “papel” para minimizar ou, melhor ainda, eliminar a necessidade de correções e ajustes durante a fase de construção”, explicou Ivan Doschuk, Diretor de Engenharia da Usina Nuclear Hanhikivi-1 na RAOS Project.

“Como é de praxe em todas as obras que tenho feito, e também no projeto FH1, todos os atrasos têm de ser compensados até ao final do ano e quase foram recuperadosom um esforço especial de todas as empresas e seus colaboradores. Depois das férias, os trabalhos serão retomados com o mesmo ritmo para que o cronograma do projeto seja mantido”, disse Rainer Goehring, Diretor das Instalações da Hanhikivi-1 na RAOS Project OY.

Vida social

A construção nuclear não é a única atividade da Rosatom nos países em que opera: a corporação nuclear russa trabalha para aumentar a conscientização pública sobre a tecnologia nuclear. Em setembro de 2019, mais de 3.500 moradores locais visitaram o canteiro de obras da usina de Hanhikivi durante o dia de visitas com portas abertas, também conhecido como Open House. Em 2020, os planos foram interrompidos pelo coronavírus, mas a tradição será retomada.

Outro evento habitual é um seminário para fornecedores organizado pela Rosatom na Finlândia em parceria com a associação FinNuclear. Em 2020, o seminário aconteceu online: mais de 160 participantes se inscreveram no seminário e mais da metade deles participaram de reuniões business-to-business (B2B).

Na hora de escolher os projetos sociais, a Rosatom, empresa da área do conhecimento, prefere eventos educacionais e intelectuais. Em agosto de 2019, a cidade de Helsinque sediou um festival de xadrez de duas semanas organizado pela Sociedade Finlandesa de História do Xadrez em parceria com a Federação Mundial de Xadrez (FIDE) e com o apoio da Rosatom. Jogadores amadores de xadrez da Escandinávia, dos países Bálticos e da Rússia participaram do festival. O ponto alto do festival foi uma exibição simultânea de xadrez com 15 tabuleiros com o famoso grande mestre russo Anatoly Karpov contra jovens talentos finlandeses.

Em 16 de dezembro, alunos da escola de Pyhäjoki (cidade anfitriã da usina nuclear Hanhikivi) participaram da conferência internacional de jovens NEXT 75 em Sochi, na Rússia. Eles falaram de desafios globais e tarefas que a humanidade terá que resolver em um futuro muito próximo.

 

 

 

Finlândia: um olhar de fora

Dr. Rainer Goehring, Diretor das Instalações da Hanhikivi 1 na RAOS Project OY: 

Este ano o Natal é diferente e não condiz com o que foi planejado. Devido à segunda onda de coronavírus, minha esposa e eu decidimos ficar em Raahe no Natal e no Ano Novo. A Finlândia tem sua própria imaginação e belas tradições de Natal. Em Raahe existem 24 janelas especialmente projetadas (realmente maravilhosas), a árvore de Natal e as ruas iluminadas.

Só veremos nossos filhos e netos pela Internet, mas eles (e nós) estão acostumados, pois não nos vemos há quase um ano.

Durante os dias de Natal, o trabalho é interrompido nas instalações da usina e cada um dos colaboradores terá o tempo de Natal para descansar e refletir —  e se este período vai ser com a família ou sem a família não é uma decisão do colaborador, mas sim das restrições do coronavírus.

Feliz Natal e um Feliz Ano Novo!